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Releituras do espaço urbano pontuam as fotografias de duas exposições na Referência Galeria

Releituras do espaço urbano pontuam as fotografias de duas exposições na Referência Galeria

Brasília e o espaço urbano são as estrelas de Secos e molhados e Novas referências, exposições em cartaz a partir deste sábado (19/10) na Referência Galeria de Arte. Na primeira, o fotógrafo Kazuo Okubo saiu em busca das estações do cerrado e registrou as mesmas paisagens em períodos de seca e chuva. O resultado está na série de dípticos expostos na Referência.

 

Okubo escolheu lugares como a Esplanada, a Rodoviária, o Memorial JK e a Igrejinha da 308 Sul, monumentos emblemáticos da cidade. Em cada um, depois de fazer um primeiro registro, fez uma pequena marca no chão para poder saber exatamente o local da foto. “Fica uma marca na cidade, sensação boa de me apoderar e marcar”, brinca o fotógrafo. “Brasília é bonita quando é verde e tem a sua beleza também quando está seca, com a cor palha do gramado, a névoa seca do horizonte. Isso cria paisagens muito interessantes, é um contraste e eu quis trazer isso nas imagens.”

 

Em Novas referências, a cidade também é personagem nas imagens de André Dusek, Frederico Lamego, Luiz Nunes e Rinaldo Morelli. Nas fotografias de Lamego, o foco está no contraste entre o concreto e a presença humana em centros como Munique, Bogotá, Amsterdã, Moscou e São Petersburgo. “Gosto muito de fotografar em preto e branco, sempre o concreto com algum ser humano na frente”, conta.

 

Na série Candangulos, de Morelli, os monumentos brasilienses aparecem em destaque. Originalmente criada nos anos 1990 para uma exposição do coletivo Ladrões de alma, a série foi inteiramente produzida com câmera analógica e traz registros de locais como a Catedral, o Teatro Nacional, o Panteão e a Fundação Niemeyer. “Todas as fotos são em formato quadrado, que é muito querido para mim porque as linhas diagonais ficam mais fortes e as composições, mais sólidas. O quadrado valoriza mais a imagem”, garante Morelli.

 

Brasília também está nas imagens do arquiteto Luiz Nunes, mas são os detalhes que chamam a atenção do fotógrafo. Chamada de Pinturas urbanas, a série é resultado de uma oficina em arte contemporânea realizada com o artista Ralph Gehre em 2016, e nasceu de longas caminhadas pela cidade. “Essa série surgiu num período em que eu estava passando por muitas transformações. Comecei a descobrir essas pequenas representações e a ver beleza em tudo que sofria pequenas transformações, como paredes desgastadas, um objeto com uma sombra, um resto de entulho”, conta Nunes.

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